O que é um infográfico? De forma simples pode ser definido como uma representação visual diagramática, sintética e criativa que apresenta de forma clara e rápida informações, dados ou conhecimentos sobre algum conceito ou tema utilizando textos curtos, gráficos, desenhos e outros elementos. Este blog, preparado pelo professor Gonzalo Abio, reúne exemplos, comentários e cursos sobre o uso de infográficos e visualização de informações na educação.
Por Deus, senhores médicos, façam alguma coisa para pesquisar melhor e propor soluções contra a dengue, o zika e o chikungunya. Não basta apenas com tentar controlar o vetor ou tratar a doença. tem que saber mais também sobre suas sequelas nas pessoas que as padecem! Além de todas as notícias recentes na mídia, foi muito triste e preocupante para mim ver ontem alguns de nossos alunos quase aleijados pelas dores articulares, ainda meses depois das infeções. Se esses são adultos como será com as crianças? O calor no interior de Alagoas e a falta de saneamento básico em muitas das cidades está provocando epidemias que não sei qual será o resultado ao longo prazo. Ontem, sábado, em Santana do Ipanema, a sensação térmica que sentimos na sala de aula, perto do meio-dia, foi de aproximadamente 45° ou mais. Condições ideais para a proliferação do Aedes aegyipti e A. albopictus!!! Como este blog trata sobre infográficos, aqui está um exemplo de infográfico que ilustra de forma simples e aparentemente eficaz, as diferenças principais entre os três tipos de infeção.
A luta contra o Aedes é responsabilidade de todos. Temos que cuidar a limpeza de TODOS os lugares possíveis. Para ajuda na tarefa, um infográfico como este facilita a visualização dos lugares nos quais o mosquito e suas larvas podem ficar escondidos.
Veja também aquium infográfico em espanhol sobre as diferenças entre as três doenças e outro, da agência EFE, com informações sobre o virus zika que foi aproveitado para mostrar palavras em espanhol sobre essa infeção viral.
Infelizmente, o acidente praticamente anunciado de Mariana com danos ainda incalculáveis trouxe a debate a conduta e responsabilidade das grandes empresas participantes. Veja "Tragédia em Minas Gerais: as consequências da mineração". Este infográfico pode ser utilizado pelos professores para discutir sobre o tema e de passo ajudar nas análises sobre as caraterísticas do texto multimodal e do gênero infográfico.
fonte: https://www.facebook.com/brasildefato/photos/a.185632014818104.42156.185129231535049/995014010546563/?type=3&theater (25 de novembro de 2015).
Pode ser feito um projeto conjunto entre professores de várias disciplinas sobre a tragédia de Mariana e o professor de espanhol pode aproveitar também para fazer lembrar que não é a mesma quantidade um bilhão em português que um bilhão em espanhol. Outro infográfico, neste caso mais do tipo jornalístico, possui duas funções: narrar e explicar o que aconteceu. Além de compreensão das informações, o professor pode perguntar e também mostrar os recursos que podem ser utilizados para construir um mapa a partir de imagens de satélites como aparece na parte central do infográfico.
fonte: Infográfico mostra como aconteceu o rompimento das barragens em Mariana. Estado de Minas, 06/11/2015.
A partir destas informações preliminares podem ser realizados diversos trabalhos multimodais pelos alunos, principalmente sobre as consequências desta catástrofe ambiental e o que pode ser feito para sua mitigação e para evitar que aconteçam tragédias desse tipo de novo.
Mais um exemplo do estilo que está sendo cada vez mais utilizado para divulgar informações com clareza e efetividade. Este é o caso da nova campanha da FIESP contra o aumento dos impostos desejado pelo governo federal, mostrando o que já é pago em impostos em diversos items no Brasil.
O Centro para Prevenção e Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC pela sigla em inglês) utiliza os infográficos como uma forma de facilitar a divulgação de informações importantes, pois entende que "é necessário seu uso estratégico quando a mensagem é mais visual e precisa mais que dados ou gráficos para ter sucesso na comunicação com o público alvo" (CDC, 2015). Um exemplo pode ser este, com um alerta sobre o uso de sódio:
O rugby não é um esporte muito conhecido no Brasil, mas muitos já assistiram o filme Invictus, protagonizado por Matt Damon e Morgan Freeman, não é verdade? Estes divertidos vídeos com estilo infográfico da BBC, em espanhol ou inglês, mostram a história da Copa Mundial desse esporte, desde seus inícios em 1987 como uma promoção para o torneio deste ano.
Fiquei muito feliz quando soube que os colegas da pós-graduação da FALE (UFMG), como produto de um curso de "Leitura On-line" ministrado pela professora Dra. Carla Coscarelli, criaram infográficos com temas educacionais de grande importância. Amostras dos infográficos e atividades criadas estão reunidas no site do Projeto Redigir e também colocamos o link para esse projeto na seção "Fontes de infográficos" no menu direito deste blog.
Pela clareza na exposição vou reproduzir aqui uma parte do texto de Lima, Andrade, Monat e Spinillo (2015, p. 188-189) que explica a relação entre a Teoria Cognitiva de Aprendizagem Multimídia (TCAM) de Mayer e os infográficos. Alguns estudos [...] investigam como os indivíduos aprendem através de materiais multimídia, usando diferentes modos de apresentação. Um dos estudos citados recorrentemente é a teoria cognitiva de aprendizagem multimídia (TCAM), proposta por Mayer (2002, 2005), em que são propostas sugestões para o desenvolvimento de materiais de aprendizagem multimídia visando um maior nível de aprendizado. O termo multimídia é geralmente usado para se referir a usos variados de mídia (vídeo, música, animação, etc.), mas, para Mayer, o termo está relacionado com a multimodalidade, ou seja, com o conjunto de modos diferentes em que a informação é apresentada. Mayer baseia sua teoria em três pressupostos:
As informações visual e verbal são processadas em diferentes canais - proposto com base nas teorias de Baddley (1974) e Paivio (1986);
Cada canal tem uma capacidade limitada de processamento de informação que se origina a partir da carga cognitiva - proposto com base na teoria da carga cognitiva de Sweller et al. (1998).
O tratamento das informações em diferentes canais promove ativamente a construção de representações mentais coerentes - proposto com base na teoria de processamento ativo de Wittrock e no modelo SOI, do próprio Mayer (1996).
Estes pressupostos propõem uma melhor utilização dos canais visuais e verbais, adaptando os recursos de carga cognitiva, o que resulta em um processo de aprendizagem mais significativo. A carga cognitiva está ligada diretamente à capacidade de processamento de informação da memória corrente (ou memória de trabalho). De acordo com Sweller et. al (1998), existem três tipos de carga: carga intrínseca, carga irrelevante e carga relevante. Para uma experiência de aprendizagem significativa, as cargas intrínseca e irrelevante devem ser mínimas, para que os recursos cognitivos estejam dedicados à carga relevante, à qual está ligada o processo de construção da aprendizagem. Para Sweller, a carga intrínseca está relacionada à complexidade da informação. O número de relações entre seus componentes define essa complexidade. Certos tipos de informações são mais complexas. Por exemplo, a aprendizagem de uma gramática estrangeira é, inevitavelmente, mais complexa do que aprender um novo vocabulário, ou seja, a tradução de palavras individuais. Porém, cada leitor percebe a complexidade de um modo diferente. Leitores com conhecimento prévio sobre determinada informação podem julgá-la pouco complexa, já outros que não tenham um conhecimento prévio formado podem julgar a mesma informação complexa demais. Desse modo, não é possível reduzir a carga cognitiva intrínseca diretamente sem prejudicar um tipo de leitor. A solução encontrada pelos autores é particionar a informação. Assim, o leitor só tem que compreender parte das informações de cada vez, sem cobrir toda a complexidade de uma só vez. Dessa forma, o leitor pode experimentar a carga intrínseca gradualmente. Uma vez que a carga intrínseca não pode ser reduzida diretamente, Mayer, com a TCAM, foca nas outras duas cargas, buscando minimizar a carga irrelevante e promover a carga relevante. A carga irrelevante é proveniente da atividade mental gerada pelos materiais de multimídia, e não está diretamente relacionada à aprendizagem. Um exemplo seria um bloco de texto e uma imagem que são complementares, mas que estão dispostos de forma que não há uma correlação clara entre eles. Descobrir essa correlação entre texto e imagem emprega um esforço cognitivo que poderia ser utilizado para compreender o conteúdo do material. O design deficitário desse layout produz uma quantidade maior de carga cognitiva irrelevante. No entanto, quando o layout favorece a compreensão e facilita as relações que o leitor pode ter com o conteúdo, ocorre uma promoção da carga cognitiva relevante. A partir dessa perspectiva, um infográfico pode ser percebido como um material complexo, dado o número elevado de relações possíveis entre seus elementos. No entanto, algumas características comuns de infográficos atendem às estratégias recomendadas pela TCAM para promover o aprendizado, como, por exemplo, o princípio de multimídia e o princípio de contiguidade. Mayer (2005) sugere, com o princípio de multimídia, que as explicações que usam imagem e texto promovem uma aprendizagem mais profunda. Essa relação entre imagem e texto é uma característica fundamental da infografia, encontrada em muitas definições de infográficos (Pablos, 1999; Rajamanickam, 2005; Colle, 2004; Teixeira, 2010). Já no princípio da contiguidade, o autor argumenta que elementos multimídia devem estar espacialmente próximos de modo a minimizar uma carga irrelevante. Waller (2012) nos lembra que, no ensino do design, a "sintaxe visual da página" é entendida por meio de princípios perceptuais oriundos da Gestalt [ver link]. Esses princípios são independentes de um conteúdo específico e são compatíveis com o princípio da contiguidade proposto por Mayer (2005). Eles são geralmente conhecidos como o "princípio da proximidade", em que elementos que estão fisicamente próximos na página são relacionados de alguma forma, e o "princípio de similaridade", em que elementos que parecem semelhantes são membros da mesma categoria" (Waller, 2012: 11). Podemos observar que é amplamente aceito pelos designers que a contiguidade da forma ajuda os leitores a entender as relações gráficas e a distinguir categorias. No design de um bom infográfico uma grande atenção é prestada para a posição de cada componente, de forma que seja minimizada a carga cognitiva irrelevante e seja favorecida a construção de sentido e compreensão do leitor. Referências BADDELEY, A. D. Working Memory. Oxford, England: Oxford University Press, 1986. COLLE, R. Infografía: tipologías. Revista Latina de Comunicación Social. n. 58, 2004. http://www.ull.es/publicaciones/latina/latinaart660.pdf LIMA, R. C. ; ANDRADE, R. C., MONAT, A. ; SPINILLO, C. G. A adaptação de infográficos jornalísticos: a relação entre as versões on-line e impressa. In: C. G. Spinillo; L. M. Fadel; V. T. Souto; T. B. P. Silva; R. J. Camara (Eds). Anais do 7º Congresso Internacional de Design da Informação/Proceedings of the 7th Information Design International Conference | CIDI 2015 [Blucher Design Proceedings, num.2, vol.2]. São Paulo: Blucher, 2015. ISSN 2318-6968, DOI 10.5151/designpro-CIDI2015-175 http://pdf.blucher.com.br/designproceedings/cidi2015/175.pdf MAYER. R. E. Cognitive Theory of Multimedia Learning. The Cambridge Handbook of Multimedia Learning. Cambridge University Press, 2005. MAYER, R. E. Cognitive Theory and the Design of Multimedia Instruction: An Example of the Two-Way Street Between Cognition and Instruction. New Directions for Teaching and Learning. n. 89, 2002. MAYER, R. E. 1996. Learning strategies for making sense out of expository text: The SOI model for guiding three cognitive processes in knowledge construction. Educational Psychology Review, v. 8, p. 357-371. PABLOS, J. M. Infoperiodismo: el Periodista como Creador de Infografia. Madri: Síntesis, 1999. PAIVIO, A. Mental representations: A dual coding approach. Oxford, England: Oxford University Press, 1996. RAJAMANICKAM, V. Infographics seminar handout. Ahmedabad, 2005. http://www.schrockguide.net/uploads/3/9/2/2/392267/infographic_handout.pdf SWELLLER, J.; MERRIENBOER, J.J.G.; PASS, F. Cognitive architecture and instructional design. Educational Psychology Review, v. 10, p. 251-295, 1998. TEIXEIRA, T. Infografia e Jornalismo. Conceitos, análises e perspectivas. EDUFBA, 2010. WALLER, R. Graphic literacies for a digital age: the survival of layout, The Information Society: An International Journal, 28:4, 236-252, 2012. http://www.academia.edu/3386074/Graphic_literacies_for_a_digital_age_the_survival_of_layout
Me digam se uma pessoa interessada não poderia aprender e praticar algo que é básico em qualquer curso de espanhol com um infográfico como este?
Para ver completo clique no link.
Esta publicidade em forma de infográfico interativo cumpre sua função de dar informações e atrair o consumidor para o uso do produto que está sendo explicitado? Quais são os recursos que utiliza para essa finalidade? Clique no link para ver o infográfico.
Falando de letramento científico, ontem tive a oportunidade de ver, na reunião itinerante do Conselho Nacional de Educação que aconteceu na cidade de Maceió, os resultados da pesquisa nacional realizada para conhecer o nível de letramento científico da população brasileira [ver a notícia aqui]. A pesquisa sobre o Letramento Científico (LC) foi feita pelo Instituto Abramundo, com a parceria da Ação Educativa e o Instituto Paulo Montenegro. São quatro os níveis de indicadores de Letramento Científico (ILC) que foram considerados nessa pesquisa: Nível 1 - Letramento não-científico
[Os indivíduos] Não tem domínio das habilidades de reconhecimento e localização de informações técnicas e/ou científicas apresentadas em suportes
textuais simples (gráficos e tabelas simples, textos narrativos curtos)
envolvendo temáticas frequentemente presentes em situações cotidianas.
Nível 2- Letramento
científico rudimentar Revelam a capacidade de resolver problemas cotidianos que
exigem o domínio de linguagem científica básica, por meio da interpretação e da
comparação de informações apresentadas em diferentes suportes textuais
(gráficos com maior número de variáveis, rótulos, textos jornalísticos, textos
científicos, legislação) com diversas finalidades.
Nível 3 - Letramento
científico básico
Apresentam a capacidade de elaborar propostas para resolver problemas em diferentes
contextos (doméstico ou científico) a partir de evidências técnico e/ou
científicas apresentadas em diferentes suportes textuais (infográficos,
conjunto de tabelas e gráficos com maior número de variáveis, manuais,
esquemas) com finalidades diversas. A construção de argumentos para justificar
a proposta apresentada exige neste nível o estabelecimento de relações
intertextuais e entre variáveis.
Nível 4 - Letramento
científico proficiente
Avaliam e confrontam propostas e afirmações apresentadas em
linguagem científica de maior complexidade, envolvendo diferentes contextos
(cotidianos e científicos). Para justificar as decisões apresentadas, os
indivíduos aportam informações
extratextuais para formular argumentos capazes de confrontar posicionamentos
diversos (científicos, tecnológicos, do senso comum, éticos) por meio de
linguagem relacionada a uma visão científica de mundo. Dentre os temas
propostos podemos citar: potência do chuveiro, temperatura global,
biodiversidade, astronomia e genética.
[observação: a descrição destes quatro níveis a tomei da apresentação de ontem, porque gostei mais desta redação que a que está no relatório impresso. Ver nas referências os documentos da Abramundo com a descrição dos indicadores originais].
Por que faço este comentário neste blog?
Porque como podemos ver acima, as habilidades para ler e interpretar gráficos e infográficos são muito importantes na compreensão leitora em geral. Isso pode ser apreciado com esta amostra de item correspondente com o nível 4 do ILC.
Embora a prova do PISA seja feita com uma metodologia diferente que a pesquisa do ILC mencionada, podemos ver também o uso de gráficos ou infográficos neste exemplo liberado do PISA 2015 que, nesta ocasião, teve sua ênfase na avaliação de conhecimentos científicos dos alunos de 15 anos.
fonte: OECD (2015, p. 11).
O resultado da pesquisa nacional sobre LC da Abramundo mostrou que apenas 5% da população possui um nível proficiente e também que o ILC aumenta com o nível escolar.
Em resumo, como docentes não podemos desatender a leitura e compreensão de gráficos e infográficos e de temas científicos, assim como despertar a curiosidade e sede de aprendizagem de nossos alunos.
Para fechar este post, deixo uma sugestão de vídeo que foi apresentado ontem pelo professor Anderson Gomes, da UFPE, no evento mencionado.
Adivinhem qual foi o recurso verbo-visual utilizado no programa partidário apresentado ontem na televisão pelo Partido dos Trabalhadores (PT) na hora de oferecer dados do governo. Infográficos, é claro.
De acordo como o relato de experiência descrito por Foschiera, Souza, Oliveira e Andrade (2014) que foi realizado por bolsistas do PIBID da UNISINOS, os alunos de uma escola de Ensino Médio do sul do país, como parte de um projeto de letramento científico, reuniram informações em língua espanhola que foram posteriormente transformadas em infográficos, respeitando as características do gênero e produzindo um novo conhecimento, segundo informam os autores do artigo, mas não proporcionavam outros detalhes da forma em que os infográficos foram preparados, apenas que foi no laboratório de informática da escola. Escrevi um e-mail para a primeira autora, que é ao mesmo tempo, orientadora dos bolsistas que desenvolveram este trabalho e recebi a seguinte resposta dela, que transcrevo parcialmente aqui:
Le comento que una parte del grupo utilizó Piktochart, pero aquellos que no estaban tan familiarizados acabaron elaborando los infográficos en Power Point. La experiencia relatada en la revista fue realizada en una escuela de enseñanza media y queríamos que de alguna forma pudiésemos desarrollar la literacia digital a través de temas que despertasen la curiosidad de los alumnos.
Tuvimos otras experiencias. En otra escuela, fomentamos la producción de infográficos sobre los temas desarrollados por los alumnos en la clase de “Seminario Integrado”. Ellos profundizaban los asuntos (por ejemplo: embarazo en la adolescencia, drogas…) en esa clase y después, a partir de las informaciones colectadas, producían un infográfico para exposición.
En el curso de Letras también trabajé produciendo infográficos. Fue en una asignatura llamada "Noções Básicas de Linguística". En ella buscamos específicamente introducir a los alumnos a las teorias de Saussure, Chomsky, Labov, Austin y Grice. Al final del semestre, los alumnos tenían que elaborar infográficos haciendo una explicación de esas teorías para un público laico en el tema. Los infográficos eran expuestos virtual y físicamente en la universidad. Para la elaboración, trabajamos en el laboratorio de informática utilizando además del Piktochart, también el Easel.ly.
Como puede ver, me gusta mucho trabajar con infográficos. Pienso que es un género esencial en nuestros días.
Considero relevante estas experiências realizadas no ensino básico e superior e por isso as decidi comentar aqui. O trabalho citado foi acrescentado à lista que mantemos neste blog sobre infográficos na educação. Referência FOSCHIERA, Silvia Matturro; SOUZA, Diego Coelho de; OLIVEIRA, Tamires Iwanczuk de; ANDRADE, Fabrício Dias de. Projeto de ensino de língua espanhola: infográfico. Entrelinhas. Revista do curso de letras, v. 8, n. 2, 2014. http://revistas.unisinos.br/index.php/entrelinhas/article/view/8996
Este infográfico com alguns dados da pós-graduação brasileira pode ser considerado do tipo complementar, segundo a classificação de Teixeira (2007), pois acompanha uma matéria jornalistica, neste caso intitulada "O apagão das pesquisas científicas", que foi publicada recentemente na revista Istoé. Teixeira (2007) analisou em profundidade os infográficos publicados durante dez anos em duas revistas brasileiras, e os dividiu em duas grandes categorias: enciclopédicos e específicos. Os enciclopédicos são centrados em explicações de caráter mais universal como, por exemplo, detalhes do funcionamento do corpo humano; como se formam as nuvens; o que são bactérias, etc., enquanto que os infográficos específicos são mais singulares, sendo comuns, por exemplo, para explicar o que aconteceu em um acidente. Ambos os grupos estão divididos em independentes e complementares, em dependência de se aparecem acompanhando alguma matéria escrita ou não. Vale dizer que Teixeira apresentou uma nova proposta de classificação com a inclusão da visualização de dados (RINALDI; TEIXEIRA, 2015), mas ainda é mantida a diferenciação entre complementar e independente segundo o tipo de relação com o texto jornalístico do infográfico ou da visualização de dados . Em outros momentos veremos outras classificações de infográficos. Referências RINALDI, Mayara ; TEIXEIRA, Tattiana. Visualização da Informação e Jornalismo: proposta de conceitos e categorias. Revista Estudos de Jornalismo, n. 3, p. 106-121, fev. 2015. http://www.revistaej.sopcom.pt/ficheiros/20150209-revista_3.pdf TEIXEIRA, Tattiana. A presença da infografia no jornalismo brasileiro. Proposta de tipologia e classificação como gênero jornalístico a partir de um estudo de caso. Revista Fronteira. Estudos midiáticos, v. 9, n. 2, p. 111-120, 2007. http://www.revistas.univerciencia.org/index.php/fronteiras/article/viewArticle/5749
Sem ignorar o tema e o conteúdo deste infográfico, que está muito interessante e pode ser perfeitamente trabalhado com alunos do ensino médio, quantas outras coisas sobre o design e letramento visualpoderíamos analisar com esses mesmos alunos sobre a construção deste infográfico? Em outras palavras. Por que este pode ser considerado um bom infográfico?
Blog do curso: http://infografiasudg.aprendiendotics.com/wp/ Lotzy Fonseca; Blanca Reynoso e Jorge Lorenzo Vásquez relataram uma experiência de pesquisa-ação com 313 alunos de três carreiras diferentes na Universidad de Guadalajara, México, que utilizaram ferramentas disponíveis na Internet para elaborar infográficos, depois de pesquisar sobre os temas de computação determinados pelos professores. Os infográficos produzidos pelos alunos foram colocados nos blogs criados para o curso e depois tiveram que comentar as produções dos outros alunos. Como resultado do curso, foram publicados 70 infográficos nos blogs, gerando 40 entradas, 13 páginas e 297 comentários. É muito interessante a observação de alguns dos infográficos e comentários realizados pelos alunos. Referência FONSECA CHIU, Lotzy Beatriz; REYNOSO GOMEZ, Blanca Lorena; VÁSQUEZ PADILLA, Jorge Lorenzo. Enseñar-aprender y compartir en la web con infografías en las ciencias computacionales, entre jóvenes universitarios. Desde el IGCAAV. Visiones múltiples sobre Educación y Tecnología, julio 8 de 2015. http://investigacion.udgvirtual.udg.mx/blogs/wp-content/uploads/2015/07/Presentaci%C3%B3n_Infograf%C3%ADas.pdf
Observando as versões em inglês e espanhol dos infográficos preparados por Karla Gutiérrez e mostrados em seu blog Shift eLearning, poderemos constatar que no ensino a distância e também no presencial, as ajudas visuais são muito importantes para um bom processo de ensino e aprendizagem. Aproveito a oportunidade para perguntar algo. Existe alguma palavra que você tenha aprendido em inglês ou espanhol, depois de examinar estes dois infográficos?
Entendeu o texto do folheto? Provavelmente não, pois o texto está em russo, uma língua cirílica, mas você deve ter entendido a mensagem dos avisos de alerta ou proibição, não é verdade? É a nova campanha feita pelo governo russo, motivada pelo crescente número de acidentes de pessoas que tentam fazer selfies em lugares pouco seguros. O que você acha da ideia de propor que nossos alunos coloquem frases para cada aviso na língua que estão estudando, inglês ou espanhol?
Um infográfico simples que pode servir com alunos para discutir sobre o tema tratado, mas também para aproveitar e analisar os elementos dessa construção multimodal que fazem que a informação seja apresentada de forma eficaz.
Este infográfico interativo se não é perfeito nos cálculos que são aproximados, pelo menos serve para criar consciência sobre o gasto de água no domicílio.
No resumo executivo do recenteHorizon Report, dedicado às tendências e desafios no uso das tecnologias na educação superior, aparece um infográfico que pode ser um bom exemplo de material, em inglês ou espanhol, para aprender línguas e trabalhar também o letramento visual.
Esse infográfico horizontal, em uma ou outra língua, parece simples, mas não é.
Minha proposta é que os alunos possam ver o mesmo material nas duas línguas, e o espanhol, uma língua mais próxima do português, poderia servir de base para compreender e aprender o inglês, pelo menos na leitura.
Evidentemente, o tema tratado nesse relatório Horizon é especializado, Por isso, este infográfico só poderia ser utilizado, por exemplo, em cursos universitários de licenciaturas ou de pós-graduação.
Além do conhecimento do léxico geral e específico utilizado, podem ser identificadas as três partes principais desse infográfico (desafios, tendências e tecnologias) e seus subcomponentes, quais elementos gráficos ajudam na separação deles no infográfico, o papel do ícone do leitor que aparece do lado esquerdo, etc.
Em um segundo momento, também pode ser feito em pequenos grupos de alunos uma atividade para dar recortadas as partes do infográfico ou impresso em uma folha de papel completo e pedir que eles mesmos recortem cada parte, para pedir depois que pensem em outras possibilidades de apresentação dos mesmos resultados, reorganizando os elementos ou até criando outras formas de expressão gráfica para esses mesmos resultados.
A competência comunicativa multimodal proposta por Royce (2002, 2007) e utilizada por outros como Heberle (2010) e Stenglin e Iedema (2001), inspirados na LSF e a semiótica social, proporcionam uma ajuda específica para analisar e utilizar os textos verbo-visuais no ensino de línguas. Em outros momentos daremos mais detalhes sobre estas possibilidades.
STENGLIN, M.; IEDEMA, R. How to analyse visual images: a guide for TESOL teachers. In: BURNS, A.; COFFIN, C. (Eds.). Analysing English in a global context. London: Routledge, 2001, p. 194-208.
Para quem ainda pensa que não há uma explosão nos últimos tempos de textos verbo-visuais para atrair a atenção dos leitores-visualizadores-navegadores, vejam a construção multimodal que me surpreendeu hoje na página do tradutor do Google.
Antes era apenas um link para enviar sugestões para melhorar o serviço de tradução automática, hoje é um aviso e apelo muito mais atraente que lembra que detrás do Google e suas enormes bases de dados, o humano também é importante. Pelo menos é isso o que parece dar a entender. Não? Com base na GDV de Kress e van Leeuwen (2006/1996) podemos reconhecer nesse aviso uma relação interacional de contato com uma demanda por parte do participante representado que "olha" diretamente para você e solicita uma ação explicitada na frase que está curiosamente acima da paisagem e com a seta que indica que depois de clicar será realizada a ação. Neste caso levará para o Global Translate Community, um grupo de pessoas engajadas em propor exemplos de traduções humanas para melhorar a qualidade das traduções automáticas que o Google oferece. Mais explícito, impossível. ;-)
Este quadro, que mostra as diferenças na leitura de textos escritos e de textos multimodais, foi publicado por Maureen Walsh em um artigo de 2004. Acredito que pode ser de interesse para muitos professores. Aqui mostramos a versão para o português feita por Assunção (2014). Apenas acrescentei outras cores para diferenciarmelhor cada bloco de informações.
Como alerta Walsh, é necessário considerar que no quadro anterior, embora fiquem divididas as caraterísticas da leitura de cada tipo de texto, nem sempre ocorrem separadamente, pois
muitos textos multimodais
combinam variedades de
formas. Combinações de modos e modos semióticos particulares podem influenciar o
processo de construção de sentidos de um leitor (WALSH, 2004, p. 11).
Walsh também tece comentários sobre as semelhanças que pode haver nos processos de leitura, independentemente do tipo de texto, que mostraremos a continuação: Semelhanças na construção de significados (meaning-making) Sejam palavras ou imagens lidas num livro ou na tela de um dispositivo digital, um livro ilustrado ou um romance ou uma narrativa não ficcional, haverá semelhanças nos processos interpretativos e de construção de sentido, pois temos que entender o propósito social desse texto e seu contexto cultural e entender como ele pode estar relacionado com nosso próprio objetivo no uso desse texto.
Qualquer que seja o tipo de texto, muitas vezes precisamos "preencher as lacunas" para entender os contextos específicos culturais e sociais. O nosso entendimento vai ter relação de alguma forma com nossos conhecimentos e experiências anteriores. Os esquemas trazidos pelo leitor são elementos importantes em qualquer tipo de leitura. A nossa forma de interpretar qualquer novo texto, sejam palavras ou imagens, produzirá novas interpretações, novas respostas e novos significados. Passamos por um processo interativo recursivo quando lemos palavras ou olhamos para as imagens, negociamos telas eletrônicas e hiperlinks. Fazemos comparações com as nossas experiências anteriores com palavras, imagens, telas e seu conteúdo, para, em seguida, construir um novo significado. Um novo texto irá desencadear essas novas respostas e interpretações. Estes processos que acontecem "na cabeça" do leitor aparecem detalhados na tabela seguinte:
Semelhanças na construção de significados com textos escritos ou multimodais:
• A necessidade de entender o mais amplo contexto sociocultural. • Qualquer texto forma parte de um "gênero" específico (por exemplo, literário, informação, mídia, internet, "videogame"/ digital). • O leitor ajusta suas expectativas de acordo com o tipo de texto ou propósito de leitura. • Vários esquemas são ativados - conhecimento de mundo, conhecimento do tema, e conhecimento do gênero. • Existe uma interação entre o leitor e o texto para que o significado seja construído. O significado pode ser feito com metafunções ideacionais, interpessoais ou textuais.* O leitor é "engajado". • Compreensão e interpretação em níveis cognitivos e afetivos. [p.ex. literal, inferencial, respostas importantes, se identificar, ter empatia, fazer analogias]. • Entender, analisar e criticar ideologias, pontos de vista, "posicionamentos". • A imaginação pode ser ativada. • A informação pode ser obtida. • Há um contexto específico, um discurso e uma coerência. • As estratégias específicas para cada tipo de texto precisam ser ativadas pelo 'leitor' /observador [por exemplo, uma leitura por prazer ou uma leitura com um objetivo determinado as previsões, skimming/scanning*]. Observações: * As metafunções ideacional, interpessoal e textual de Halliday são a base da linguística sistêmico funcional (LSF) de ampla utilização nos estudos de multimodalidade e semiótica social. * Skimming e Scanning, são termos em inglês muito utilizados na leitura instrumental. Skimming é a estratégia de fazer uma primeira leitura rápida para ter uma ideia geral do tipo de texto que vamos ler. Scanning é geralmente a estratégia que segue após escanear o texto, isto é uma leitura minuciosa, mais específica, à procura de informações específicas. Referências ASSUNÇÃO, Fábio Nunes. Estratégias de leitura em língua inglesa: um estudo de infográficos em uma perspectiva multimodal. Dissertação. Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada – Centro de Humanidades, Universidade Estadual do Ceará, 2014. http://www.uece.br/posla/dmdocuments/F%C3%81BIO%20NUNES%20ASSUN%C3%87%C3%83O WALSH, Maureen.
Reading visual and
multimodal texts: how
is 'reading' different?
In: Multiliteracies & English Teaching K-12 in the Age of Information & Communication Technologies.
Armidale, NSW, Australia: Australian Literacy Educator's Association & the University
of New England, 2004, p. 24-37. http://www.decd.sa.gov.au/northernadelaide/files/links/reading_multimodal_texts.pdf
"O caminho do PIB abaixo de zero" é um exemplo mais da longa tradição de criação de infográficos que existe na mídia jornalística brasileira. Este infográfico foi publicado hoje na seção de economia do Globo.com, com este subtítulo "Veja como o país saiu de um ‘crescimento chinês’ em 2010 para um PIB negativo".
Will Samuel, o chefe dos designers desse projeto de animação comentou o seguinte:
We needed to find a graphic style to communicate the beauty and intricacy of DNA. We wanted to create nostalgia; taking the audience back to the days of textbook diagrams and old science documentaries, such as Carl Sagan's COSMOS and IBM’s Power of Ten (1977). Using the double helix circular theme as a core design we focused on form, movement and colour to create a consistent flow to the animation, drawing on references from nature, illustrating how DNA is the core to everything around us.
Mais um exemplo de infografía. Neste caso, para mostrar de forma simples algumas dicas para fazer uma busca efetiva de informações utilizando o Google.
Como podem observar, o uso de cores diferentes ajuda a delimitar cada bloco com informações deste infográfico.
O governo federal brasileiro há já algum tempo que percebeu a importância dos infográficos na comunicação e os usa cada vez com maior intensidade.
Por exemplo, para ilustrar o processo de funcionamento do Sisu (Sistema de seleção unificada para entrar na universidade), desde 2014 optou pelo uso de um infográfico em lugar do costumeiro FAQ (Perguntas frequentes) (ver Figura 1).
Figura 1- Montagem de infográfico apresentado no site do SISU 2014
para mostrar de forma visual datas importantes, critérios de seleção e estatísticas
do processo. Acesso em: 5 jan. 2014.
Outros exemplos, mais otimizados e modernos são utilizados como apoio para a divulgação de informações e campanhas diversas recentes.
Vejam, por exemplo, este infográfico horizontal que mostra, de forma rápida e aparentemente eficaz, as diversas etapas no processo da declaração do IRPF 2015 (Figura 2).
Para não ser cansativo, por último, convido vocês para assistir o vídeo do novo programa do governo "Ajustar para avançar", que aproveita as vantagens dos infográficos para sintetizar as informações que se desejam passar para a população.